SALA 3
— 'ruínaconstrução'
— 'ruínaconstrução'
— 'ruínaconstrução'
Auerbach, Tauba | This is a Lie | 2007
Um dos maiores eixos orientadores do
desenvolvimento da Coleção Teixeira de Freitas foi
construído a partir da ideia de Arquitetura. Daí,
existirem na coleção muitas obras que se
relacionam com projetos, técnicas e materiais
utilizados no processo de erguer edificações, assim
como obras conceptualmente ligadas a ideias de
construção e desconstrução.
O título deste terceiro núcleo, reúne as palavras
‘ruína’ e ‘construção’ numa mesma expressão. Aqui,
agrupam-se trabalhos que, por lidarem com
fragmentos do mundo, se tornam imagens
duplamente dialógicas, ao oferecer intercessões
potentes entre o que “já foi” e o que “está para ser”.
Esta interposição desafia a própria ideia linear de
tempo e os conceitos de progresso e sucesso, ao
fazer vestígios vivos do passado e promessas
inacabadas do futuro coincidirem num mesmo
corpo.
Diante das obras em ruínaconstrução, somos
confrontados com a coexistência essencialmente
descompassada de múltiplas temporalidades:
pessoais, históricas, materiais
(orgânicas/inorgânicas) e até mesmo geológicas ou
cosmológicas.
Em diversas genealogias da teoria crítica e dos
estudos do colonialismo ou decoloniais, a ideia de
ruína é fundamental. Para alguns, a ruína pode ser
uma alegoria do pensamento em si. Outros, olham
além de operações simbólicas e conceptuais, e
reforçam o caráter sensual das ruínas ao
oferecer-nos uma co-presença material com as
experiências de efemeridade e imortalidade. As
ruínas podem simbolizar a persistência daquilo que
é entendido como coisa, como matéria sem vida
humana. Mas, como as ruínas recusam a morte,
estão vivas para afetar e ser afetadas. Aqui, o
potencial transformador do encontro com as ruínas
é explorado, no sentido de abrir caminhos para a
construção de novas formas de viver que superem
traumas históricos.
Vieira, Ana | Sem título | 1973